sábado, 20 de setembro de 2008

Chuva por'entre as minhas veias























A chuva,
A chuva como um ninho de dor,
Um ninho de permutas.
As veias que dela bebem,
São sôfregas de vermelho,
Sôfregas de ar.
A chuva que hoje cai,
Bem no centro da palma da minha mão,
São gotas invisíveis,
Impalpáveis.
Seriam elas a prova do meu tacto,
O meu gasto tacto.
Mas ao invés,
No revés dessa medalha de medos,
É a nota declaratória do meu manto,
O meu manto cinzento.
Visto-o. Agasalho-me.
Abotoou-me até à última das casas.
Sem janela.
Sem porta.
É com a face molhada.
E por’entre o nevoeiro da melancolia,
Que suspiro o teu nome.
Ninguém me vê…
Ninguém me reconhece…
Sou nascido,
E por ele morro,
Vem, vem mão de Inverno sobre o meu peito.

Domingo, 21 de Setembro 2008

Foto e Texto: David La Rua

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